A santidade está ao alcance de todos e exige apenas uma coisa
27/01/25
“A alma não se
santifica em um dia. A vida inteira é concedida com este fim”
Para se santificar, a alma só tem necessidade de
boa vontade. Guardá-la intacta e devolvê-la sem cessar, tal deve
ser o fim constante e único de sua vida.
“A boa
vontade, dizia Santo Alberto Magno, supre tudo, está acima de tudo”.
A boa vontade entrega o homem inteiro a Deus, por um ato muito
simples de amor; abandona o passado à sua misericórdia; confia o futuro à sua
bondade e só reserva para si o presente para santificá-lo.
A boa vontade é uma orientação, em tudo, do homem
para Deus, uma coordenação de todas suas faculdades para ele; uma restauração
da harmonia entre a criatura e o Criador, uma volta amorosa do filho para seu
Pai celeste.
Ela é uma resolução generosa da alma, de se
consagrar à glória do divino Mestre e de procurar o bem do próximo na medida de
suas forças.
Ela é uma renúncia completa de
tudo aquilo que está em desacordo com a ordem divina; um sacrifício de todo
interesse próprio, um esquecimento inteiro e uma despreocupação constante de si
mesmo.
Essa boa vontade conserva-se a mesma tanto na
aridez e penúria quanto na consolação e abundancia; na tribulação e
inquietação, como na paz e tranquilidade, nos embaraços e multiplicidade de
ocupações, como na doçura e gozos na oração.
Seu ato é movimento simples do coração que se
entrega por completo, disposto a tudo aceitar, a tudo sofrer, desde
que o divino beneplácito lhe seja manifestado.
A boa vontade permanece sincera, não obstante as
fraquezas e inconstâncias da alma, as faltas veniais passageiras, as quedas
ofensivas do amor próprio.
A alma não se santifica em um dia.
A vida inteira é concedida com este fim.
Depois de cada recaída, a vontade entrega-se com
simplicidade a Deus, mais uma vez abandona-se humildemente a ele, até que se
ache fixada definitivamente nele.
A boa vontade não depende da vivacidade da
imaginação, da penetração da inteligência, das qualidades naturais do coração,
das vantagens da fortuna, da situação ou do nascimento.
Ela é um ato especialmente espiritual da livre
vontade, um movimento simples para Deus, um olhar amoroso para ele.
Está no poder de todo o homem que tem uma vontade
livre e que é ajudado pela graça.
A santidade é acessível a todas as almas.
A santidade está ao alcance das almas mais simples
e mais ignorantes. Deus não quereria que um coração sincero não pudesse
encontrá-lo. Uma misteriosa atração inclina-o para as almas retas. Desde
que descobre uma dessas almas, ele a reserva para si e faz dela sua morada de
predileção.
Conta assim almas de escol em todas as condições,
sobretudo na classe dos humildes e pequenos.
Essas almas puras têm sobre o Deus de infinita
pureza um poder irresistível: elas prendem e obtêm assim tudo o que desejam.
Se, para lhes agradar, o Senhor tem que fazer
milagres, ele os faz.
Ele disse um dia à Santa Teresa: “Se eu não tivesse instituído a Eucaristia,
eu a instituiria hoje para ti”.
Ele agiria do mesmo modo para cada alma pura.
Deus não quis que o caminho que conduz à santidade
fosse coberto de obstáculos e eriçado de dificuldades. Quanto mais uma
coisa é necessária à vida natural do homem, mais esta coisa lhe é dada em
abundância. O que é mais necessário do que o ar que respiramos
ou a terra que nossos pés pisam, mas também, o que de mais comum? O que há
de mais indispensável do que a respiração, porém, o que há de mais fácil?
A vida da alma é bem mais
importante que a do corpo. Razão pela qual Deus a tem prodigalizado. O ar
que nossa alma respira é a graça que nunca é negada a quem a pede; a terra que
ela pisa é a divina vontade que se não esconde nunca sob seus passos; sua
respiração é o ato de amor que brota espontaneamente da boa vontade. Neste
amor, Deus resumiu toda a perfeição.
“Toda
nossa perfeição, diz Santo Afonso, consiste no amor do nosso Deus infinitamente amável”.
É a caridade que une a alma à Santíssima Trindade,
que orienta para ela todas as faculdades do homem; com todos os seus atos até o
menor, até o último, que comunica a todas as ações a sua grandeza, sua nobreza
e seu mérito.
Somos almas de boa vontade? Quem não quereria
ser deste número? Neste caso, prestemos atenção à voz do Senhor,
esqueçamos nosso povo e a casa de nosso Pai, quer dizer, desapeguemos nossos
corações das coisas da terra e sigamos a Jesus Cristo.
Perguntemos a Ele humildemente: “Mestre, onde habitais?” Ele nos
responderá: “Vinde e vede”.
Ele nos introduzirá
na sua própria habitação, no santuário de seu amor; admitir-nos-á no
conhecimento de seus inefáveis segredos; ligar-nos-á por laços tão suaves e tão
forte que nos será impossível quebrá-los.
Fonte:
livro “A Boa Vontade” do Rev. Pe. José Schrijvers (Via Associação Apostolado do Sagrado Coração de Jesus)
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