Adotar uma criança é um ato de amor
17/02/25
"Um caminho para realizar a
maternidade e a paternidade de uma forma muito generosa", define Papa
Francisco
Tenho um amigo que é casado há sete anos e continua
completamente apaixonado pela esposa. Dá gosto de ver, eles estão sempre
juntos, dão muitas risadas um com o outro e me parecem o casal ideal. Mas nem
tudo são louros e há anos o casal enfrenta dificuldades para engravidar do
primeiro filho, como é comum entre muitos dos meus amigos no final da casa dos
30 anos, começo dos 40. Nesse ínterim, chegaram a gastar muito dinheiro em
tratamentos que não tiveram resultado.
Os exames, no entanto, revelam que o principal
problema é com ele, que apresenta uma contagem baixa de espermatozóides. E, por
isso, o meu amigo vive angustiado, com medo de que a mulher que tanto ama, e
que está no final de sua vida fértil, o abandone para poder ter um filho com
outra pessoa – o que, conhecendo sua esposa, me parece pouco provável, já que
ela também demonstra amá-lo profundamente. Mas o medo é um sentimento
irracional e a incapacidade de gerar filhos pode ser uma das maiores
frustrações da vida adulta.
Exemplo
de José
Dia desses, quando tomávamos um café e ele
desabafava sobre mais um tratamento que não funcionou, tive coragem de sugerir a
ele uma alternativa que há tempos passava pela minha cabeça: "Por que
vocês não adotam?". Ele disse que já tinham pensado nisso, mas que sua
esposa tem um antigo desejo de gestar uma criança, o que me parece um argumento
legítimo, porém não definitivo.
Reproduzir é um dos instintos humanos mais básicos,
mas não é o único. Também temos os instintos de proteger, cuidar, amar. E eles
não se restringem a filhos biológicos. Deus sacramentou o ato da adoção ao
escolher o carpinteiro José para ser pai de Jesus. Não fosse a adoção, o menino
Jesus teria crescido sem o exemplo e o amor de um pai. E José teria se privado
da glória de criar o Messias.
Mediação
do amor de Deus
"A adoção é um caminho para realizar a
maternidade e a paternidade de uma forma muito generosa”, escreveu Papa
Francisco na Exortação Apostólica Amoris
Laetitia, sobre o Amor na Família. "Os que assumem o desafio de
adotar e acolhem uma pessoa de maneira incondicional e gratuita, tornam-se
mediação do amor de Deus que diz: 'Ainda que a tua mãe chegasse a esquecer-te,
Eu nunca te esqueceria' [Isaías 45:15].”
Além disso, adotar uma criança é dar a um ser
humano que já existe a oportunidade de ele se livrar de um destino de pobreza,
carência, traumas e infelicidade. E, a partir do momento em que a convivência
se transformar em vínculo e afeto, aquela criança se torna tão filha quanto uma
gerada pelo mesmo casal. E o amor resultante dessa família tem o poder de
preencher a vida de todos os seus membros.
Esses foram os argumentos que utilizei no café com
o meu amigo. Hoje de manhã, ele me escreveu para agradecer pela conversa e
ainda deu a notícia de que conversou sobre o assunto com sua esposa, ela se
convenceu, e que, a partir da semana que vem, vão começar a procurar agências
de adoção. E eu não poderia ter ficado mais feliz com a notícia.
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